Turismo

Trilhar é uma forma de dar valor à vida

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Diante da morte as pessoas pensam na vida. Quando um familiar ou amigo encerra sua passagem por este planeta, a maioria questiona o que tem valor neste mundo. Antes de serem cinzas jogadas no mar ou um corpo guardado num túmulo prometem a si próprios que vão cuidar melhor da sua existência terrena. O grupo Sintonia com a Natureza, formado pelos amigos do trilheiro Elio Wessler, entende que quem está vivo precisa estar em movimento e compartilhar momentos com seus semelhantes. Neste sábado, Dia de Finados, percorreram a trilha dos Dois Dedos, localizada em Treviso. O percurso inicia com uma passagem dentro do Rio Manin e continua por um caminho aberto e sempre coberto pela copa das árvores. Há muitas cordas, algumas com nós, no percurso que auxiliam tanto nas subidas quanto nas descidas constantes e íngremes.

 

A experiente Margarete Teles, secretaria escolar, 53 anos, fez a trilha Dois Dedos pela quarta vez e a considera uma das mais completas tanto para o corpo quanto para a mente. Ela já percorreu os 800 quilômetros de Santiago de Compostela, na Espanha, e os 50 quilômetros da trilha Inca primitiva, no Peru. Em suas memórias está um dos mandamentos do peregrino que encontrou num albergue espanhol do município de Astorga. Ele dizia que às vezes, uma canção no caminho dará fortaleza aos pés cansados e o silêncio será o melhor canto para repensar a vida em profundidade. “No silêncio o coração respira. A ligação com a natureza nas trilhas e caminhadas me proporciona um reviver. A emoção do que já vivi sempre vem à tona. Em abril do próximo ano, planejo sair de Santiago de Compostela e ir até Fátima, em Portugal, levando na mochila o necessário”, comentou Margarete.

 

Tatiane Serafim, orientadora pedagógica, 40 anos fez apenas quatro trilhas. Apesar de inexperiente ela superou os desafios sem muitas dificuldades. “Faço academia seis vezes por semana, mas é diferente. Andamos aproximadamente sete quilômetros. Esta trilha exige esforço físico nas pernas, nos braços e nas mãos. Para manter o equilíbrio utilizamos o tempo todo o apoio das cordas, dos troncos fixos das árvores, dos caules flexíveis dos arbustos e até das raízes e pedras. Estou adorando estas experiências”, afirmou Tatiane.

 

É cobrada uma taxa de dez reais para a manutenção da trilha. Este trabalho é feito por Bruno Cambruzi, proprietário do Restaurante Dois Dedos – Gastronomia e Lazer. O restaurante serve café colonial, almoço e porções. No local há uma área de camping e um local para a prática de rapel. Os visitantes podem curtir um banho na Cachoeira Cirenaica depois de desceram dezenas de degraus de uma escada de madeira.

 

A infraestrutura que visa atender os turistas está localizada na Estrada Geral São Victo, no Bairro Cirenaica, a sete quilômetros do centro da cidade.

ANA LÚCIA PINTRO

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