A preservação patrimonial vem sendo um questão amplamente discutida por estudiosos do assunto e dos habitantes das cidades, que veem nesses espaços recordações, afeto, sentimentos. A visão de que a cidade e o patrimonio não são mais os mesmos, vem sendo algo comum nos residentes que sentem o distanciamento existente entre a vivência e o legado patrimonial construído ao longo da formação das cidades, refletindo expressamente na cultura das mesmas. A revitalização e a preservação se torna um alento aos moradores, pois ressignifica os usos e percepções desses espaços históricos através das relaçoes mais proximas entre o presente e o passado.
PINACOTECA DE SÃO PAULO
A Pinacoteca é o museu de arte mais antigo de São Paulo, foi inaugurada em 1905, em um antigo edifício institucional, o Liceu de Artes e Ofícios. A escola já passava por mudanças e sofria de falta de investimento governamental então no início do século XX, a elite paulistana sentiu a necessidade de ter uma vida cultural mais moderna e que correspondesse ao crescimento da cidade, foi aí que nasceu a Pinacoteca. Foi aberta oficialmente ao público em 1911 com a Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes. Hoje, a Pinacoteca é um museu de artes visuais e conta com um acervo de cerca de 4 mil peças, fora o amplo acervo documental e bibliográfico. O edifício comporta ainda um dos principais laboratórios de conservação e restauro do país.
O projeto original foi desenvolvido pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo e anos mais tarde, passou por uma ampla reforma, no final da década de 1990, com projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
Antes da grande reforma, a edificação sofreu com as diversas ocupações, com a falta de manutenção, com a ação do tempo, infiltrações e o descaso. A reforma não só trouxe vida nova ao lugar como também um Prêmio Internacional para a América Latina.
A construção original foi mantida conforme encontrada, conservadas, inclusive, as marcas dos antigos andaimes e as das ocupações e intervenções anteriores. Todas as intervenções propostas pelo projeto foram justapostas e tornadas evidentes, tendo como objetivo principal a adequação do edifício às necessidades técnicas e funcionais para o pleno uso do museu.
MUSEU DE ARTE DO RIO DE JANEIRO
O MAR Museu de Arte do Rio, inaugurado em 2013, é formado por duas edificações unidas por meio de uma praça, uma passarela e uma majestosa laje (cobertura) sustentada por pilotis (pilares estruturais que sustentam uma edificação): o palacete Dom João VI, construção tombada e eclética, ao qual acomoda as salas multiuso de exposição e o edifício vizinho – originalmente um terminal rodoviário, cuja construção modernista abriga nos dias de hoje a Escola do Olhar. A majestosa cobertura fluida em forma transforma toda a obra em um conjunto harmônico.
O MAR foi a primeira construção que deu início ao plano de revitalização da região portuária promovido pela Prefeitura do Rio, com investimentos também da iniciativa privada.
Essa intervenção urbana é um marco na história do desenvolvimento urbano do Rio de Janeiro, tem como objetivo promover a reestruturação e requalificação dos espaços públicos da região, visando a melhoria da qualidade de vida de seus atuais e futuros habitantes.
UM EXEMPLO PRÓXIMO DA GENTE – ESCRITÓRIO DA CSN EM SIDERÓPOLIS
Entendemos que as cidades se transformam de acordo com os acontecimentos que nelas ocorrem. Essas transformações refletem na variação de seus significados. Sendo assim, as cidades se reinventam e se reconstroem ao longo do tempo, traduzindo memórias individuais e coletivas. E, muitas vezes, é através dos edifícios históricos que as memórias se consolidam, que a história é passada e preservada.
Em uma escala bem diferente, mas não menos importante, podemos citar o Antigo Escritório da CSN, em nossa cidade, Siderópolis. O edifício em seu uso original abrigou o escritório da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) por muito tempo. Após o encerramento das atividades da Companhia, o prédio passou por diversos usos, como fábrica, depósito, entre outros. Contudo, nunca teve o devido cuidado necessário para que mantivesse seu estado preservado. Atualmente, em posse do poder público, vem sendo alvo de muitas especulações mas nada é feito efetivamento para que, ao menos, permaneça de pé. Medidas paliativas podem ser tomadas tais como: fechamento do seu entorno com tapumes para evitar vandalismos, escoramento das paredes que ainda resistem de pé, entre outras – mas até agora nada foi feito.
No início do ano desenvolvemos um estudo de projeto para este espaço. Na proposta a edificação se transformaria em um Centro Cultural contendo: salas administrativas, museu e um auditório, mostrando que é possível revitalizar o espaço, manter a memória afetiva ali presente e, ainda, servir a população com novos usos.
Recentemente uma deputada federal anunciou recursos destinados à edificação em questão. Aguardamos os próximos capítulos.
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