O Livro dos Baltimore, do escritor Joël Dicker, foi uma ótima surpresa. Com pouco mais de 400 páginas conseguiu me prender do início ao fim, até saber realmente o que foi o Drama, que mudou radicalmente a vida do protagonista Marcus Goldman. Nesta narrativa, o autor foi entregando aos poucos os fatos e os segredos e conforme a leitura ia fluindo, aumentava a minha certeza de que tinha ainda muito a ser revelado.
No livro, Marcus Goldman está em 2012, é um escritor de sucesso e quando vai iniciar uma nova história se depara com Alexandra, o amor de sua adolescência e juventude que não encontrava há oito anos, quando o Drama aconteceu. Isso fez com que tudo voltasse a sua memória e as velhas dúvidas e perguntas de como se chegou ao Drama também retornaram com força. Seu vizinho Leo o instiga a contar sobre este amor perdido e ainda muito forte, mas até chegar em Alexandra, ele tem que contar sua vida desde a infância, sobre os Goldeman de Montclair (ele e seus pais) e sobre os Goldman de Baltimore (seus tios e primos).
Marcus é filho único e sua família tem uma vida simples de classe média em Montclaire, enquanto que seus tios Saul e Anita e seu primo Hillel são ricos e vivem em Baltimore uma vida totalmente diferente da dele. Marcus desde criança frequenta a casa dos tios, passam férias, feriados e fins de semana juntos, até que vê entrar na vida dos Goldman de Baltimore o garoto Woody e assim formam a Gangue dos Goldman. Woody aos poucos vai conquistando a confiança de Saul e Anita e quando percebe já está morando com eles e levando uma vida como se fosse também seu filho. A amizade entre Hillel e Woody se fortalece a cada dia e um não pode mais viver sem o outro, pois eles se completam. Hillel, antes de conhecer Woody, sofria bullying na escola e este o defendia. Foi assim também que Scott se transformou em um novo elo da Gangue e transformou a vida dos meninos.
Marcus vai contando como viviam os primos e os tios, também falava de seus avós e seus pais, mas é O Livro dos Baltimore e tudo se desencadeia no Drama, por isso eles ganham bem mais espaço na obra, os outros personagens aparecem apenas para fazer a ligação nos acontecimentos. Os personagens são muito bem construídos e se percebe claramente o que sentem, como agem, os motivos das decisões tomadas. O autor consegue fazer com que qualquer um poderia ser qualquer pessoa ao nosso lado.
É difícil fazer a resenha deste livro porque ao mesmo tempo em que há tanto a contar, não se pode dar muitos detalhes para não estragar surpresas. Essa história não é de final feliz nem de final triste, apenas é uma narrativa do que aconteceu com uma família que parecia ter um grande futuro e bem antes disso ela se extinguiu. Amor, ciúme, conquistas, inveja, confiança, dedicação, traições, cuidados, buscas, sonhos e muito mais fazem parte da narrativa que no fim tudo se encaixa. E Marcus Goldman descobre depois de tudo ter voltado à tona e ter feito as perguntas para as pessoas certas.
O Drama é quase possível de adivinhar, mas acontece tanta coisa até lá que é o que menos importa. Hillel é inteligente e este é seu diferencial. Woody é um excelente jogador de futebol americano e se destaca no colégio e faculdade com uma carreira promissora. Os dois eram inseparáveis e seguiriam juntos até o fim. Tio Saul é um advogado de sucesso e tia Anita uma médica que se dedica totalmente à família. Marcus via tudo isso, fazia parte da família e só percebia as coisas boas, não notou quando os acontecimentos começaram a mudar a rota. Ele se culpa, acredita que poderia ter feito algo para evitar o que aconteceu. Será?
Para quem gosta de livros sem se preocupar como vai ser o final, para quem gosta de uma leitura com personagens interessantes e muitas coisas novas que surpreendem ao longo da história, eu recomendo O Livro dos Baltimore. Foi uma excelente leitura.