Quando terminei de ler Em Águas Sombrias, de Paula Hawkins, fechei o livro e fiquei pensando por alguns minutos na história, refleti sobre o que cada personagem estava sentindo e o que levou cada um a fazer o que fizeram. O livro é muito bom, é um thriller tenso, com capítulos curtos e com muita informação, por isso muitas teorias se formam durante a leitura, tanto que no final pode ser que uma delas se confirme, porque há várias possibilidades para o desfecho. Tudo começa com Jules que, ao receber uma ligação, soube que sua irmã Nel estava morta. Nel era uma mulher bem resolvida, tinha uma filha adolescente e era obcecada pelo rio que cortava a cidade e pelas mulheres que ali morreram no passado recente e no passado distante. Tanto que ela estava escrevendo um livro com uma versão própria de cada uma das mortes. Por isso Jules não acreditava que a partida da irmã tenha sido suicídio, só que ela era a única, até a própria filha de Nel achava que sua mãe tinha feito a escolha.
O livro narra presente e passado, geralmente em primeira pessoa, de vários personagens. Cada capítulo tem o título da protagonista ou do protagonista que está falando do que aconteceu e do que estava sentindo e/ou pensando. Além de Jules, contam suas versões a filha de Nel Lena, um professor, uma investigadora, um detetive, seu pai e esposa, um garoto e uma mãe desesperada e ainda uma mulher com dons espirituais. Além disso, há também capítulos do livro que Nel estava escrevendo. Os acontecimentos são narrados na sequência, só que o leitor vai conhecendo as partes contadas por personagens diferentes às vezes confundindo e outras vezes revelando. Uma forma bem interessante de contar a história. Paralelo a isso, e que parece ter a ver com a morte de Nel, há o mistério do suicídio de Katie, uma garota de 15 anos e amiga de Lena, que aconteceu recentemente. E o drama do passado de Jules é outra marca que influenciou em sua relação com a irmã, só que não há mais tempo para resgatar o que se perdeu. Cada personagem com sua história pessoal se misturando com a morte de Nel, cada descoberta pode ser mais uma pista ou uma forma de confundir o leitor, fatos ficam no ar, mas se tem a certeza de que aconteceram. Em Águas Sombrias é da mesma autora de A Garota no Trem e gostei muito mais deste livro, porque abre mais opções de suspeitos. É um livro com tanta informação que fica até difícil escrever a resenha, mas indico para quem gosta deste estilo de leitura.
Em Águas Sombrias, de Paula Hawkins – 362 páginas.