Religião

O reencontro de Mirce e Adriana durante caminhada em Siderópolis

Sideropolis 32

No pátio da igreja do Rio Fiorita, em Siderópolis, um grupo de vinte pessoas fez um aquecimento antes de iniciar a caminhada de 14 quilômetros. Mirce Buratto carregou um buquê e um rosário enquanto acompanhava o Grupo Movimento, na manhã deste domingo, dia 18. Ela sabia que no percurso estava previsto visitar a Igreja Santa Rita de Cássia, localizada na comunidade Rio Caeté Alto. “Meu filho teve um rompimento de intestino. No hospital eu pedi ajuda para Santa Rita e dez minutos depois a cirurgia estava liberada. Nasci no dia da santa que sou devota, embora eu tenha sido registrada dois dias depois. Hoje, vou aproveitar e agradecer porque os médicos disseram que se o atendimento demorasse mais de quatro horas, meu filho poderia não ter sobrevivido”, comentou.

Mirce trabalha em Morro da Fumaça, como gerente de recursos humanos. Mora em Criciúma desde a sua adolescência quando saiu de Siderópolis. Conversando sobre as lembranças do tempo que ia brincar na comunidade Nossa Senhora da Saúde, ela teve uma surpresa. Caminhando ao lado dela estava Adriana Zanin Teixeira, uma das amigas da infância que morou neste lugar e que não via há mais de trinta anos. Os pelos dos braços se arrepiaram enquanto dialogavam sobre o passado.

Adriana contou que sofreu muito para se adaptar à vida no centro da cidade. Era acostumada a brincar subindo em goiabeiras e a correr no meio da natureza. Na casa da cidade tinha muro na frente, ao lado e atrás para separar os limites da vizinhança. Está viva em sua memória a primeira vez que ouviu uma menina falando sobre xampu e que foi ao mercado para verificar do que se tratava. A sensação de estar presa aumentou quando seu pai a colocou para trabalhar numa malharia. A mudança de uma escola multisseriada que atendia doze alunos para a Escola Básica José do Patrocínio a assustou. Eram muitos estudantes, várias salas e havia muito preconceito com os moradores do interior.

“Nós que vivíamos na roça, tínhamos pequenas feridas nas pernas porque a gente se machucava andando pelo mato e por isso se afastavam da gente. Eu não sabia falar direito em português, ou brasileiro como diziam, porque em casa nos comunicávamos em italiano. Zoavam do nosso jeito arrastado de conversar. A Mirce era da cidade, mas se identificava comigo e por isso foi uma amizade que marcou muito. Senti muita falta quando ela foi embora”, relatou Adriana.

A história do reencontro destas duas amigas de infância são exemplos dos laços de amizades fortalecidos em trilhas e caminhadas. O Grupo Movimento tem o objetivo de compartilhar experiências enquanto desbravam lugares exuberantes da região e está aberto aos interessados em acompanhar seus eventos. Contatos podem ser feito pelo Instagram @gpmovimento.

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ANA LÚCIA PINTRO

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