Setor Carbonífero atua na recuperação do passivo ambiental da mineração há mais de 20 anos
Com mais de 100 anos de atividades, muitas foram as transformações passadas pela mineração de carvão e toda a sociedade no Sul catarinense. Dentro dessa realidade, a recuperação ambiental de passivos gerados pela atividade tem mudado o cenário percebido pelos mais de 700 mil habitantes da região. Assunto que ganha relevância, já que nesta quarta-feira (5) é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Iniciado no ano de 2000, através da Ação Civil Pública (ACP) do Carvão, a estimativa do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (Siecesc) é que cerca de 55% das áreas afetadas tenham sofrido intervenções visando a sua recuperação.
“É um grande marco que destacamos nesta Semana do Meio Ambiente. Dentro dos 6.502 hectares, que é o total de áreas contidas na ACP do Carvão, ressaltamos que grande parte passou ou passa por intervenções. Temos, ainda, 13% deste total em áreas urbanas que demandam um olhar especial, talvez buscando o seu gerenciamento ambiental, tendo em vista a evolução da malha urbana ao longo dos anos”, explica o diretor técnico do Siecesc-Carvão+,
Marcio Zanuz.
Em Criciúma, dois exemplos notórios da transformação ambiental são o Parque das Nações, no bairro Próspera, e o Parque dos Imigrantes, no Distrito de Rio Maina. Ambos construídos pelo poder público em áreas que eram passivos ambientais da mineração.
“São grandes exemplos de transformação ambiental que geram bem-estar e nos mostram que podemos aproveitar essas áreas, dando a elas uma nova função social. A recuperação ambiental é um desafio que há mais de 20 anos o Setor Carbonífero não se furta de realizar. Temos compromisso com o meio ambiente. Vale ressaltar que o Governo Federal, também, atua na ACP do Carvão”, destaca Zanuz.
Outra área utilizada como um exemplo de recuperação ambiental é a do Rio Pio na entrada de Treviso. “O que era uma paisagem inóspita, hoje é uma grande área vegetada e que contribuiu para a redução da drenagem ácida que ia para a bacia do Rio Mãe Luzia. Pela dimensão foi um grande ganho para recuperação no meio físico e meio biótico”, comenta o geógrafo do Núcleo de Meio Ambiente e Mineração do CT Satc, William Sant’Ana.
Além do Rio Pio, a área do bairro Linha Batista, em Criciúma, também, chama a atenção. “Integrou a paisagem ao quadro natural ao seu redor. Um trabalho notório de recuperação executado. A área está com indicadores ambientais bem satisfatórios”, comenta William. “Retorno da fauna, melhora da qualidade das águas superficiais, segurança fundiária e qualidade de vida. Tudo isso são benefícios reconhecidos das áreas que já passaram por recuperação”, completa.
Rios afetados apresentam melhora
Além do solo, os rios afetados, também refletem o processo de recuperação ambiental. Com 20 anos de monitoramento, já é possível indicar a melhora em diversos pontos, especialmente, em relação a acidez das águas. São monitoradas as bacias do Rio Araranguá, Urussanga e Tubarão.
“Houve uma evolução. Houve uma redução significativa em boa parte dos rios, inclusive daqueles mais impactados, como o Sangão, como o Mãe Luzia e o Rio Fiorita. Os resultados evidenciam esse progresso. Algo que já era esperado em função dos trabalhos de recuperação ambiental realizados. Encontramos valores que chegam até quase 90% de redução de carga de acidez”, ressalta o geólogo do Núcleo de Meio Ambiente e Mineração do CT Satc, Roberto Romano Neto.
Áreas em operação
O meio ambiente é um dos pilares para o Setor Carbonífero, todas as empresas da cadeia produtiva, incluindo as vinculadas ao Siecesc, possuem o ISO 14.001 de gestão ambiental. A água utilizada no processo de beneficiamento do carvão é tratada e recuperada. Em alguns casos, inclusive, é utilizada na agricultura. Além disso, os depósitos de rejeitos possuem um cuidado especial e já passam por um processo de controle e monitoramento ambiental.
“As carboníferas já possuem um trabalho de gestão ambiental forte, tanto, que as minas hoje em atividade em nada lembram as minas que muitos ainda tem no seu imaginário. O Setor Carbonífero trabalha pautado nas questões ambientais do Sul catarinense. Com esse foco, seguimos caminhando para a Transição Energética Justa, uma forma de mitigar o impacto da nossa atividade no meio ambiente”, finaliza Zanuz.