Resultado da pesquisa de campo feita por acadêmicos do curso de Farmácia foi apresentado ao prefeito Alemão
A pesquisa realizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Siderópolis, sobre a percepção e prescrição/indicação de plantas medicinais irá servir de base para o projeto que será implantado pelo município. O resultado da pesquisa feita pelas acadêmicas do curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), foi apresentado ao prefeito Hélio Cesa. Na apuração, foram sistematizadas em forma de gráficos, as perguntas e respostas feitas aos profissionais das UBSs e em breve a Secretaria Municipal de Saúde irá definir a unidade que será piloto para a aplicação e inclusão de uma horta de plantas medicinais. A apresentação foi feita pelas acadêmicas Mariana Fraga Costa e Rafaela Ferreira Rocha, acompanhadas da professora Ângela Rossato.
“Sabemos que o uso das plantas irá trazer benefícios para a cidade e é muito importante a conscientização sobre o uso adequado. O projeto mostra cada vez mais o resgate aos conhecimentos populares utilizados por nossos antepassados. Parabéns a todos os envolvidos na pesquisa e estamos muito empolgados com os resultados”, comentou o prefeito Alemão.
Durante a apresentação dos resultados, o engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, Ronaldo Remor, também destacou a importância do projeto para a cidade. “Servirá para auxiliar no tratamento e prevenção de varias doenças. Na Unidade de Saúde onde será implantado o Horto de Plantas Medicinais, o cultivo das plantas obedecerá as técnicas agronômicas para cada espécie de planta. Esse estudo servirá como forma natural de prescrição médica para os pacientes que muitas vezes têm a planta em casa”, destacou.
A farmacêutica e professora do curso de farmácia da Unesc, Ângela Rossato, voltou a apresentar os benefícios da aplicação das plantas como forma de medicação. “É um projeto seguro, mas os profissionais de saúde precisam estar conscientes e muito bem treinados em relação às plantas medicinais. A inserção da fitoterapia na atenção básica requer a capacitação dos profissionais, para que possam passar, de forma especial, os efeitos colaterais, toxicidade e interação medicamentosas das plantas”, além das informações terapêuticas validadas, comentou a professora.
Pesquisa
Na pesquisa realizada pelas acadêmicas, todos os profissionais das cinco UBS de Siderópolis foram entrevistados, bem como, agentes comunitárias de saúde (ACS), enfermeiras, técnicas de enfermagem, dentistas, auxiliares de dentistas e médicas clínicas gerais. A pesquisa foi feita em forma de questionário onde continham perguntas abertas e fechadas aos profissionais. Durante as respostas alguns especialistas, listaram plantas que atualmente já indicam aos seus pacientes. São algumas delas (em nome científico e popular):
Malva sylvestris L. – Malva;
Matricaria chamomilla L. – Camomila;
Melissa officinalis L – Erva cidreira;
Cymbopogon citratus – Cana cidreira;
Mentha sp. L. – Hortelã;
Equisetum sp. – Cavalinha;
Coleus barbatus – Boldo.
Segundo a bióloga, botânica e curadora adjunta do herbário Pe. Dr. Raulino Reitz da Unesc, Vanilde C. Zanette, mudas de plantas medicinais serão disponibilizadas pelo horto da Universidade e na falta delas faremos a identificação botânica de exemplares da própria comunidade. “Conseguimos identificar botanicamente a espécie medicinal e em que casos ela deve ser utilizada. Existem muitas espécies que possuem vários nomes populares e para o uso terapêutico é necessário saber o nome exato da planta, para que com isso, possamos indicá-la ao paciente”, enfatizou. Sendo que a identificação botânica das espécies cultivadas em hortas medicinais vinculadas ao SUS é uma exigência do Ministério da Saúde e a primeira etapa para garantir a qualidade do projeto. Assim como o cultivo das espécies deve ser acompanhada tecnicamente por um Engenheiro Agrônomo ou Técnico Agrícola e as plantas cultivadas devem ter o suporte de um profissional farmacêutico e a busca das informações deve obedecer a legislação vigente.
Quinta do chá
No mês de setembro de 2018, o Governo Municipal de Siderópolis, por meio da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente e Secretaria de Saúde, deu início, com o apoio da UNESC, ao projeto “Quinta do Chá: Troca de saberes sobre Plantas Medicinais na Atenção Primária à Saúde”. Este projeto é vinculado à Diretoria de Extensão da UNESC e para que o município fosse contemplado com a proposta, foi necessário que professores submetessem o projeto ao edital interno da instituição. Assim, foi possível alocar bolsistas e professores que dão suporte acadêmico às atividades. O projeto é de autoria da professora Angela Rossato, e da bióloga Vanilde Citadini-Zanette e tem o objetivo de promover a troca de saberes sobre as plantas, capacitar os profissionais e usuários quanto ao preparo e trazer informações terapêuticas validadas sobre as plantas.
TEXTO: JATENE MACEDO / FOTOS: EDUARDO SCUSSEL