Final de ano se aproxima e com ele o tão temido Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), trabalhos finais da faculdade e a fase de vestibular para estudantes do ensino médio. O acúmulo de tarefas pode trazer doenças, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Alguns jovens saem do emprego e outros até pensam em desistir do curso, por não suportar a sobrecarga.
A psicóloga e especialista em Hipnoterapia Clínica, Michele Valeska Mendez atende jovens na fase final do ensino médio que vão ingressar na faculdade. Casos de transtorno de ansiedade em fase de conclusão de curso e esgotamento emocional devido à sobrecarga e pressão nos estudos são comuns.
“Nós fazemos uma análise do cenário que o jovem se encontra, sua rotina e suas escolhas. Verificamos os aspectos de decisão dele sobre seus estudos, família, aspecto social junto aos outros jovens, mas, principalmente, a satisfação dele frente a tudo isso. O que pesa muito para ele é a sua própria cobrança”, conta a psicóloga.
Michele ajuda os jovens a perceberem o que não está satisfatório e se reposicionar. Em casos de alunos em fase de vestibular, se necessário conversam com a família. “E na faculdade a opção é reorganizar a rotina e equilibrar a vida. Buscando a saúde mental para lidar com o excesso de estudo”, explica.
Muitos pais interferem na escolha do curso dos filhos e nem sempre o jovem quer isso. “Fazer uma faculdade para agradar os pais é ruim, pois lá na frente ele vai sentir o peso dessa escolha”, comenta.
A especialista diz que o jovem deve ser feliz e trabalhar sua ansiedade frente as coisas. “Lidar com a ansiedade é fundamental e buscar o equilíbrio para tudo”, aconselha a psicóloga.
Mudança de humor e exclusão
Gabriel (nome fictício), 22 anos, se demitiu do trabalho de analista de sistemas para se dedicar ao TCC, hoje formado em Contabilidade. Eram horas extras antes e pós trabalho, a tese em grupo sem os colegas ajudando e Gabriel se sobrecarregou. “A sobrecarga acabou afetando o meu humor e o comportamento com as pessoas. Não procurei ajuda, só queria terminar o TCC, vivia estressado”, expôs. O jovem diz que vale mais a saúde do que qualquer salário bom, por isso fez essa escolha.
A estudante de Secretariado Executivo, Pamela Martins Rodrigues, 19 anos, começou os problemas psicológicos com 15 anos. Durante o ensino médio existia uma pressão nos estudos com relação a conseguir entrar em uma faculdade “boa” e passou a ter sintomas de ansiedade e depressão. “Os problemas vieram por decorrência de pensamentos constantes de ter que melhorar para poder ter a aprovação na faculdade e pressão em casa”, destaca.
Pamela ainda sente a pressão psicológica por pensar como no ensino médio, da necessidade de sucesso e por isso precisar se isolar para poder estudar. “Ainda tenho pouca experiência na faculdade e isso ainda não chegou a ser muito preocupante quanto no ensino médio”, esclarece.
Há quatro meses reside em Florianópolis por conta dos estudos e grande parte da ansiedade do ensino médio voltou pela mudança. “Moro em uma república com outras meninas, mas vim sozinha. Foi bem difícil (ainda é) fazer amizades, pegar o ritmo da faculdade, acostumar com a cidade grande e tudo mais. Nem foi muita diferença morar sozinha, mas o resto, ter vindo para estudar num lugar novo ainda é complicado”, acrescenta.