A informação repassada em redes sociais que trata de uma possível paralisação dos caminhoneiros foi desmentida pelo coordenador social do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Vale do Araranguá (Sinttravale), Jair Ferraz. De acordo com ele, nenhuma convocação foi realizada e não há motivos para o retorno da greve.
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Ferraz foi um dos principais líderes e estrategistas dos movimentos no Sul catarinense. Com os caminhões a pleno vapor, ele explica que a principal ação dos caminhoneiros é trabalhar para reparar os danos causados pela greve. “Não chegou convocação para nós. Está uma “muvuca” nas redes sociais, mas não tem como parar. Agora vamos trabalhar para que as coisas voltem ao normal”, explica.
No último dia 28, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) emitiu uma nota oficial declarando o fim da greve. O principal motivo: a conquista dos três principais eixos das reivindicações: 1) redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel até o final do ano; 2) extinção da cobrança de pedágio por eixo suspenso em rodovias federais, estaduais e municipais; 3) instituição da Política de Preços Mínimos do Frete. “Saímos com uma grande vitória”, ponderou Ferraz.
Confira a entrevista completa com Jair Ferraz, coordenador do Sinttravale e uma das principais lideranças do movimento dos caminhoneiros do Sul catarinense:
Reportagem: Qual a possibilidade, neste momento, de acontecer uma nova greve no Sul catarinense?
Jair Ferraz: “Conversei com o pessoal que está descendo de Brasília e não tem nada. Pelo menos Canoas, Osório, Três Cachoeiras, que se parar todos param, e a região Sul não vai parar. Nada vai parar. Não chegou convocação para nós. Está uma “muvuca” nas redes sociais, mas não tem como parar”.
Reportagem: No fim das contas, qual foi o saldo obtido pelos caminhoneiros?
Jair Ferraz: “O desconto já está nas bombas. Conseguimos que não seja cobrado pedágio dos eixos levantados e também o ajuste da tabela mínima do frete, que foram nossas três principais reivindicações. Então não tem porque paralisar. Não tem nada. No nosso polo não vai acontecer nada. Agora vamos trabalhar para que as coisas voltem ao normal. Saímos com uma grande vitória. A tabela, por exemplo, é uma reivindicação de anos e não vinham correspondendo, agora deram resposta. Em todo o Brasil cobravam pedágio também dos eixos levantados, agora só os que estão rodando serão cobrados”.
Reportagem: O que as paralisações mostraram sobre a classe dos caminhoneiros e que lição os governantes devem tirar?
Jair Ferraz: “O movimento mostrou que os caminhoneiros têm muita força no Brasil. A comunidade também descobriu que tem força e deixamos um aviso para os governantes: que quando ameaçarmos parar, eles pensem com carinho, porque se isto acontecer vai causar danos em toda a sociedade”.
Reportagem: Em dado momento cresceu o apoio dos caminhoneiros por uma intervenção militar. Você considera que o movimento perdeu força por causa disso ou até mesmo o foco?
Jair Ferraz: “Todos têm o direito de se manifestar e expressar. Nossa luta era pelo preço do diesel, pela tabela do frete e pela questão dos eixos levantados. Mas as pessoas se manifestam e estão descontentes com o governo. É o direito de cada um. O foco não foi perdido, o que pedimos nós conseguimos”.
Reportagem: Em dado momento alguns pontos de manifestação saíram do controle com caminhoneiros coagidos, caminhões apedrejados… como o movimento viu isso e como se desenrolou aqui no Sul o término dos protestos?
Jair Ferraz: “Existem pessoas mais nervosas. Tentamos fazer o mais pacífico possível, sem causar danos para ninguém. Repudiamos a violência. Isso não é o foco. Queríamos lutar pelas reivindicações justas, mas usar a força não compete à nossa categoria. Devemos respeitar todas as autoridades. Não fizemos parte dessa situação, como foi em Imbituba. Negociamos com as autoridades e sempre de forma pacífica. Quero agradecer o apoio da comunidade, dos alunos, das escolas e professores, do comércio e empresários que foram às ruas. Não faltou enfermeiros, nos foi dado todo o suporte médico. Tenho orgulho de ser araranguaense e brasileiro”.
Reivindicações atendidas conforme a Abcam:
– Redução até 31/12/18 de R$0,46 no preço diesel,
– Congelamento dos preços do diesel por 60 dias,
– Após os 60 dias, os reajustes no valor aconteceram a cada 30 dias, o que permitirá certa previsibilidade do transportador para cobrança do valor do frete
– Extinção da cobrança de pedágio por eixo suspenso em rodovias federais, estaduais e municipais;
– Tabela mínima de frete
– Determinação para que 30% dos fretes da Conab sejam feitos por caminhoneiros autônomos.