Colunistas Eduardo Madeira Júnior

A interrogação Grizzo

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Lisca teve quatro jogos no comando do Criciúma e pediu demissão com uma vitória, um empate e duas derrotas, aproveitamento de 33,3%. Grizzo, o interino, já chegou a mesma quantidade de jogos, mas com dois empates e duas derrotas, 16,6% de aproveitamento.

Entre as diferenças comparando um trabalho e outro estão o ataque mais positivo com Grizzo (quatro gols marcados contra dois) e uma defesa mais firme com Lisca (quatro sofridos contra seis). O único ponto em comum é o de interrogação criado na cabeça de todos quanto ao futuro do Tigre.

Com dificuldades no mercado de treinadores e com poucos recursos financeiros, a ideia da efetivação de Grizzo ganha corpo dentro do clube. O próprio interino, antes indisposto a assumir tamanha responsabilidade, parece ter pensamento diferente agora e demonstra certa vontade de ser o treinador do clube.

Admito que é uma ideia que me preocupa. Quero aqui deixar de lado o fato da inexperiência. Grizzo pode não ser o treinador mais experiente, mas conhece o elenco como poucos, sabe como os garotos da base jogam e tem noção de como explorar esses atletas. Quero me apegar aqui aos conceitos de jogo.

Grizzo tem apresentado algumas ideias do qual não concordo muito, até por entender que são formas de atuação na qual não são mais tão adotadas no futebol atual. Cito, especificamente, os encaixes individuais na marcação e o engessamento de um setor do campo para liberar um jogador de lado.

A colocação do extremo Andrew na lateral-esquerda, por exemplo, é o caso mais claro do segundo ponto citado. Ele já teve por trás três zagueiros e até mesmo o deslocamento de um volante para o lado para que possa atacar. São formas de jogo quase abolidas nos times de primeiro nível, tendo em vista que o futebol atual exige equipes que ataquem e defendam com todos os atletas.

Claro, há a possibilidade de estas serem uma série de medidas de ocasião, para “tapar buracos” numa condição adversa e de escassos treinamentos. Mas há de se considerar que Grizzo pense assim o futebol, o que me parece ser o mais provável.

À primeira vista, não vejo positivamente uma possível efetivação do interino, da mesma forma que não considero positiva uma manutenção até o fim do estadual para vir um novo profissional visando a Série B. Essa ideia, aliás, é a pior possível.

O Campeonato Catarinense, como era de se esperar já no começo da temporada, é objetivo inalcançável. O foco tem de ser o torneio nacional, e quanto mais acelerado for o processo na busca por um treinador visando o torneio, melhor. Com o curto tempo de preparação (a Série B começa em dois meses!), o Criciúma precisa pensar em diminuir o estrago que está esse ano de 2018. Que comece definindo um novo técnico, nem que seja com a duvidosa manutenção de Grizzo.