Ana Lúcia Pintro
Nesta Sexta-feira Santa, Gládis Feltrin levantou antes das quatro horas da manhã para visitar o Santuário Diocesano Nossa Senhora de Caravaggio, em Nova Veneza. Saiu do centro de Siderópolis na companhia de alguns amigos e caminhou por mais de seis horas subindo e descendo morros por aproximadamente 25 quilômetros. Há uma semana ela passou por um dos dias mais difíceis da sua vida. Os sintomas da covid-19 associados há uma crise de ansiedade agravaram sua saúde e ela pensou que ia morrer. O cansaço físico, a falta de vontade de se alimentar e a dificuldade em respirar que provocava espetadas no peito causaram muito sofrimento. “Hoje quando entrei no Santuário, logo me ajoelhei e fui agradecendo pela minha recuperação e também da minha família. Mas, eu fiquei muito preocupada com duas colegas de trabalho que foram contaminadas por mim. Pensei muito nelas, senti culpa, fique com medo que algo pior acontecesse. Felizmente, todos estamos melhorando”, comentou Gládis.
O avô materno de Maria Albertina Guizzo era irmão de Amália Dalmolin Topanotti casada com Severino Topanotti. Ela cresceu ouvindo sobre o milagre que aconteceu. em 1919 com o casal que residia na Terceira Linha São Rafael, no município de Içara. A mulher, mãe de três crianças, aos 33 anos, foi acometida de uma grave enfermidade e sentia uma fraqueza profunda. Ela era atendida pelo Dr. Balsini, médico do Hospital São José de Criciúma, que deu o caso por encerrado por não encontrar recursos na medicina da época. “Ela sempre foi uma mulher de oração, rezava muito o terço. Meu tio a levou deitada no carro de bois até a igrejinha de Caravaggio e ela voltou caminhando”, lembrou.
A fé dos antepassados foi renovada por Maria Albertina quando realizou alguns exames. Ela já fez a caminhada do centro de Criciúma até o santuário durante 16 anos cumprindo uma promessa. Em 2001, um médico fez uma cirurgia para remover e analisar um tumor encontrado em uma das suas mamas, ao refazer a biópsia o segundo resultado diagnosticou como benigno. Em 2018, ela foi morar em Brenzone, na Itália. Em fevereiro do ano passado visitou o Santuário de Caravaggio localizado em Bérgamo, na região da Lombardia. “Se eu estivesse no Brasil não teria parado. Eu, meu marido e minha filha estamos isolados há 18 dias porque acabamos de ser contaminados pelo coronavírus. Já estamos melhorando, mas mesmo assim pedi para uma amiga acender uma ela para minha família no Santuário de Nova Veneza”, comentou.
O Santuário Diocesano Nossa Senhora de Caravaggio foi inaugurado no dia 1º de outubro de 1967. A pandemia inibiu as procissões realizadas com centenas de pessoas. Mesmo assim, muitos devotos praticaram sua fé no local fazendo orações, pedidos e agradecimentos.