Além da frequente mudança de humor, a doença passa por episódios de depressão e manias
O Transtorno Bipolar é uma doença que causa mudanças incomuns no humor. Ela é classificada por episódios que se alternam: depressão e manias. A fase da mania é caracterizada por atividades físicas em excesso e sentimentos de euforia, e a fase da depressão por tristeza e frustração.
A doença que também é conhecida como “doença maníaco-depressivo”. Altera os níveis de atividades e a capacidade de realizar as tarefas do dia a dia. Pode afetar igualmente homens e mulheres e normalmente inicia na fase da adolescência, sendo raro em crianças.
“Passei pela fase de euforia onde queria comprar tudo que via pela frente, coisas sem sentido algum. Na parte da depressão o sentimento é vontade de morrer, choro excessivo, pensamentos ruins e arrependimento da fase eufórica. Tinham dias que nem sair da cama eu conseguia”, contou a estudante Leticia Mayra Ribeiro, de 22 anos de idade.
A maioria dos Transtornos Bipolares podem ser classificados como:
Transtorno Bipolar I: A pessoa já apresentou, no mínimo, um episódio maníaco completo (que tenha impedido de desempenhar suas funções normalmente ou que inclua delírios) e, normalmente, episódios depressivos.
Transtorno bipolar II: A pessoa já apresentou episódios depressivos graves, no mínimo um episódio maníaco mais leve (hipomaníaco), mas nenhum episódio maníaco completo.
“No entanto, algumas pessoas apresentam episódios que lembram um Transtorno Bipolar, mas que são mais leves e não atendem aos critérios específicos de Transtorno Bipolar I ou II. Esses episódios podem ser classificados como Transtorno Bipolar inespecífico ou transtorno ciclotímico”, explicou a psicóloga Alessandra Martarello.
Causas
A causa exata do Transtorno Bipolar é desconhecida e acredita-se que a hereditariedade não está ligada ao desenvolvimento da doença. “Além disso, determinadas substâncias produzidas pelo corpo, como os neurotransmissores noradrenalina ou serotonina, podem não estar reguladas normalmente. Neurotransmissores são substâncias que as células nervosas usam para se comunicar’”, pontuou a psicóloga.
O Transtorno Bipolar começa, algumas vezes, após um evento estressante, ou o evento dá início a outro episódio. Entretanto, nenhuma relação de causa e efeito já foi comprovada.
Os sintomas do Transtorno Bipolar – depressão e mania – podem ocorrer em certos transtornos, como altos níveis do hormônio da tireoide (hipertireoidismo). Além disso, os episódios podem ser desencadeados por drogas, como a cocaína e anfetaminas.
Sintomas
Depressão:
- Humor deprimido;
- Tristeza profunda;
- Apatia;
- Desinteresse pelas atividades que antes davam prazer;
- Isolamento social;
- Alterações do sono e do apetite;
- Redução significativa da libido;
- Dificuldade de concentração;
- Cansaço;
- Sentimentos recorrentes de inutilidade;
- Culpa excessiva;
- Frustração e falta de sentido para a vida;
- Esquecimentos;
- Ideias suicidas.
Mania:
- Estado de euforia exuberante, com valorização da autoestima e da autoconfiança;
- Pouca necessidade de sono;
- Agitação psicomotora;
- Descontrole ao coordenar as ideias;
- Desvio da atenção;
- Compulsão para falar;
- Aumento da libido;
- Irritabilidade e impaciência crescentes;
- Comportamento agressivo;
- Mania de grandeza.
Diagnóstico
O diagnóstico de Transtorno Bipolar se baseia em listas específicas de sintomas – critérios. “Porém, é possível que a pessoa com mania não descreva seus sintomas com exatidão, porque ela pensa que não há nada de errado com ela. O médico frequentemente busca informações com os membros da família, por isso a importância da avaliação médica. Às vezes, exames de sangue e de urina também são necessários para descartar a possibilidade de outras doenças, como por exemplo o hipotireoidismo, que também afeta o humor”, mencionou Alessandra.
Leticia descobriu o Transtorno no final de 2019 e diz que foi ótimo ter o diagnóstico. “Decidi procurar ajuda com um psicólogo e logo depois fui para o Centro de Atenção Psicossocial, onde acreditavam ser depressão. Foi só depois que comecei a tomar medicamentos específicos para o Transtorno. Minha família não aceita muito, mas sempre estão me ajudando, principalmente na fase de euforia”, contou.
Tratamento
O Transtorno Bipolar não tem cura, mas pode ser controlado. “O tratamento inclui o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida. Tais como o fim do consumo de substâncias psicoativas (cafeína, anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo), o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e sono e redução dos níveis de estresse”, elencou a psicóloga.
O tratamento de Leticia se baseia em uso de medicamentos, terapias e prática de exercício físico, como a arte japonesa Muay Thai.
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TEXTO: JATENE MACEDO – JORNALISMO SATC / FOTO: LARISSA WITT – JORNALISMO SATC