A 2ª edição do Caminho de Alice foi realizada em Rio Ferreira, interior de Treviso. O evento organizado pelo Instituto Alouatta reuniu 47 mulheres e 29 homens, neste domingo, Dia Internacional da Mulher. O trajeto de seis quilômetros é uma homenagem à Alice Tasca Cimolin que viveu nesta comunidade desde o seu nascimento, em 1925, até a sua morte, em 2001. Sua história de luta, religiosidade e trabalho foi relembrada por familiares e amigos.
A engenheira agrônoma, Lúcia de Lourdes Cimolin, recebeu os caminhantes em frente à casa centenária onde sua mãe morou. Ao seu lado estava Joana Consoni Salvador, 83 anos, que marcou presença devido aos estreitos laços de amizade.
Um cesto de aproximadamente 16 quilos foi carregado por alguns participantes para demonstrar as dificuldades do passado. Dentro dele havia pedaços de polenta, aipim, batata doce, queijo, salame, pão e dois litros de café com leite. “Era num cesto como este que todos os dias minha mãe levava esta comida para meu pai e meus irmãos que estavam trabalhando na roça. Ela ia acompanhada do cachorro Caduca e com o terço no pescoço. Ela era uma mulher de muita fé. Fez e cumpriu a promessa de rezar o terço na gruta todos os dias, durante sete anos”, contou Lúcia.
Reunidos sob a sombra de uma figueira, os participantes fizeram meditação e confeccionaram um cordão com 27 contas. Adiana Garlini, arquiteta e terapeuta ambiental, orientou o grupo a fazer algumas posturas da yoga conhecidas como montanha e árvore. Ela explicou que as histórias dos cordões de orações são profundas e cheias de rituais. Todos trazem a intenção de trabalhar sua fé e conexão com o Divino, com Deus. “Os cordões sagrados como contas de oração, rosário e japamala são usados em várias culturas e religiões. O japamala tem 108 contas, nós vamos fazer um que tem um quarto desta quantidade. A soma dos algarismos deste número é igual a 9. Para a numerologia isso significa o fechamento e a abertura de novos ciclos, traz transformação, deixando para trás o que não serve mais e abrindo espaço para o novo entrar”, explicou Adiana.
A orientadora pedagógica, Regina Zappellini, passou por momentos complicados nos últimos anos. Precisou tratar de um câncer, os pais faleceram e foi aposentada. “Eu era muito presente na vida do meu pai e da minha mãe, sempre estava na casa deles. E, com a aposentadoria eu não tinha mais o trabalho para me ocupar. Comecei a viajar, conheci lugares que nunca imaginei existir. E, tenho até vergonha de dizer que somente agora, descobri que gosto de participar destas atividades. Estas experiências me transformaram”, confessou Regina.
O encontro foi encerrado com um café colonial italiano preparado pela Pousada Ferrero com ajuda de moradoras vizinhas. Não faltaram doces, salgados e sucos.
O local é uma Área de Preservação Ambiental, onde moram 51 famílias, sendo que apenas sete não são descendentes de colonizadores. Quem tiver interesse em conhecer o local ou dormir numa das casas centenárias pode fazer contato com a Pousada Ferrero.
O Instituto Alouatta, anunciou que a 10ª edição do evento Caminhantes do Sol será realizado dia 26 de abril, em Lauro Muller.
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