Economia

Como a guerra comercial entre China e Estados Unidos pode impactar o Brasil

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Disputa internacional entre duas das maiores potências econômicas mundiais pode afetar economia brasileira.

De um lado, a terra do tio Sam chefiada por Donald Trump, que representa todo o poder americano. Do outro, a China, de Xi Jinping, campeã de exportações, mesmo sob um governo comunista. O resto do mundo assiste com tensão a guerra comercial travada entre os dois gigantes da economia mundial e suas possíveis consequências internacionais. Chamada de a nova “guerra fria”, a tensão entre as duas maiores potências econômicas do globo pode inclusive afetar países como o Brasil, que exporta commodities e também importa manufaturados.

Antes de chegar ao ponto crucial que poderia afetar a economia brasileira, é importante entender como o conflito passou a preocupar a América Latina. O que não passava de ameaças comerciais virou ação no último semestre de 2018. Com alegações de que a China estaria roubando sua tecnologia, Donald Trump impôs uma tarifa aos produtos chineses e definiu limites de taxação. A estimativa é que cerca de US$ 60 bilhões dos US$ 600 bilhões que a China vende aos EUA sejam taxados com alíquota de 25%. O documento, assinado pelo presidente americano em frente à imprensa, foi acompanhado de uma declaração impetuosa de que seria o “primeiro de muitos”.

 Troca de ameaças e taxação marca conflito EUA X China

De acordo com Trump, os Estados Unidos “não vão mais deixar que outros países tirem vantagem deles”, afirmou o presidente em frente às câmeras. Outra reclamação do americano foi o déficit comercial dos EUA com outros países que, segundo ele, pode chegar a grandiosos US$ 800 bilhões anuais, mais da metade por culpa da China. A apropriação de tecnologia alegada por Trump estaria sendo realizada por meio da compra de empresas chinesas controladas pelo governo “adversário”, que o faria para obter acesso aos meios de produção americanos e, em seguida, poder reproduzi-los.

Outra acusação é de que os chineses estejam dificultando a entrada de empresas americanas no país ao impor regras cada vez mais rígidas. Por outro lado, o governo chinês tem acusado Donald Trump de praticar um ato unilateral de protecionismo. Além disso, os chineses têm feito ameaças aos EUA – entre elas, a de entrar com uma reclamação formal à Organização Mundial do Comércio, prometendo ainda sobretaxar os produtos americanos. Só em 2016, os Estados Unidos importaram aproximadamente US$ 481 bilhões de dólares da China segundo o International Trade. O valor representa mais de 20% de tudo o que é vendido ao mundo pela China.

Entretanto, menos de um terço desse valor representa as compras da China de produtos americanos: US$ 135 bilhões. Outra ameaça de Trump é que a prática pode inclusive impedir que os americanos sejam remunerados de forma justa por suas constantes inovações tecnológicas, já que estas são obtidas pela China sem nenhum tipo de custo.

O papel do Brasil na guerra EUA X China

Mas, de que forma a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China poderia afetar o Brasil? Com um histórico de superávit comercial com o maior país da Ásia, o comércio exterior brasileiro tem uma dinâmica de exportação de commodities e de importação de manufaturados.  Embora os chineses adquiram produtos como açúcar, celulose, carne de frango e bovina do Brasil, a soja segue como principal mercadoria brasileira comercializada pela China, com 43% das importações no último ano.

O mercado chinês já representou mais de US$ 20 bilhões somente em 2016 segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Já o país de Trump importa aviões, petróleo bruto e semimanufaturados de aço e alumínio do Brasil – tais exportações movimentaram US$ 26 bilhões em 2017, segundo o MDIC, valor equivalente a um pouco mais da metade do montante obtido com exportações à China.

Pode até não parecer, mas os impactos dessa guerra comercial entre norte-americanos e chineses pode render frutos para o país. Isso porque, caso as disputas continuem, a soja brasileira pode ser favorecida em âmbito mundial se a China optar por diminuir as importações do produto realizadas com os EUA. Embora isso soe vantajoso a curto prazo, isso pode ter também um efeito negativo. Com maior valorização da soja em decorrência do aumento do comércio com os chineses, isso pode causar desabastecimento do mercado interno. Tudo indica que o embate China e Estados Unidos está longe de acabar – e países como o Brasil deverão se precaver com políticas econômicas externas fortes e seguras para evitar prejuízos com o embate entre os gigantes.

Siderópolis Notícias