Janeiro é o mês escolhido por muitas famílias para a compra e organização do material escolar. É nessa hora que muitas vezes surge a dúvida sobre a mochila ideal. As opções oferecidas no mercado são inúmeras e tornam a decisão ainda mais difícil. Por isso, o médico ortopedista e traumatologista Joaquim Reichmann orienta as famílias para que coloquem a saúde e a segurança das crianças em primeiro lugar na hora da compra. “O mais importante a ser observado é o tamanho da criança e a quantidade de material que ela carregará diariamente. Isso vai facilitar a escolha e evitar problemas futuros”, aponta.
Reichmann explica que independentemente da escolha, é importante que o estudante leve sempre apenas o material necessário para o dia na escola. Os pais podem ajudar, revisando a arrumação da mochila diariamente. Também é preciso estar atento ao peso da criança e o peso da mochila. “A mochila convencional, de duas alças, pode ser utilizada desde que não ultrapasse 10% do peso da criança. Como o peso médio para uma criança entre 6 e 7 anos fica em torno dos 20 quilos, até essa idade o recomendado é que a mochila não pese mais que dois quilos. Nesses casos, a mochila de rodinhas pode ser uma boa aliada para evitar que crianças muito pequenas sobrecarreguem as costas”, indica.
MOCHILA COM RODINHAS
Mesmo podendo ser uma boa alternativa, a mochila de rodinhas também requer alguns cuidados para ser utilizada. “Você deve ter bastante atenção, pois o puxador precisa ser sempre ajustado de uma forma que a criança fique com o braço estendido ao puxar a mochila. Também é importante que a postura fique ereta e que a cada quinze minutos a bolsa seja trocada de lado para balancear o esforço nos dois braços e não forçar a coluna”, esclarece o médico. Segundo ele, a vantagem deste tipo de mochila é que não força a criança a carregar muito peso nas costas, mas ela exige cuidados como qualquer outra. “Vale lembrar que ela não é indicada para superfícies irregulares e também para os casos em que seja preciso subir muitas escadas. Se forem apenas alguns degraus, ela pode ser utilizada, dando preferência para as que possuem rodinhas mais largas e tornam a locomoção mais fácil”, sugere.
MOCHILA COM ALÇAS
No caso da mochila para as costas, o modelo ideal é o com duas alças que distribui o peso igualmente. “Escolha modelos com alça acolchoada para que a criança sinta mais conforto ao carregar os materiais escolares. As alças também devem ser ajustadas de maneira que a mochila não fique abaixo da cintura do estudante. Caso a mochila tenha uma cinta para o abdômen, é bom que seja usada para distribuir melhor o peso e para que a mochila não fique batendo nas costas”, orienta o médico.
Vale lembrar que a mochila com alças é indicada para crianças maiores de seis anos e tem a vantagem de distribuir o peso nas costas, mas requer maior cuidado com o peso e a postura. “Sempre é preferível o modelo com duas alças e ambas precisam ser utilizadas. As mochilas tipo carteiro, usadas somente num ombro são mais prejudiciais, pois desequilibram a musculatura de um lado do corpo em relação ao outro. Se ela for usada, o aconselhável é intercalar os ombros a cada quinze minutos”, alerta.
DICAS
O médico chama a atenção também para algumas orientações importantes no dia a dia e também para comprar a mochila: O peso da mochila vazia não deve ultrapassar um quilo; para colocar e tirar a mochila é importante colocar uma alça, apoiá-la no quadril, e depois colocar a outra alça. Além disso, se a mochila estiver no chão, é preciso agachar e levantá-la com as duas mãos. É importante distribuir o peso de maneira equilibrada entre os compartimentos da mochila, para não haver focos de peso em alguma das partes. “É recomendável, ainda, ajeitar o material de maneira que os objetos mais pesados fiquem ao fundo e rentes ao corpo, colocando livros e cadernos sempre na parte principal da mochila. O fato de ter cadernos de capa dura e outras coisas planas e retas na parte que toca as costas pode ajudar a manter a postura ereta”.
RISCOS
O problema de utilizar incorretamente a mochila ou com peso maior que o recomendado, segundo o ortopedista e traumatologista Joaquim Reichmann, é que o sobrepeso induz a má postura e pode causar dores nas costas e forçar as articulações de ombros, joelhos e tornozelos. “Muitas vezes, uma pequena imperfeição da coluna vertebral é agravada pelo acessório pesado. A prática clínica permite constatar que 40% dos estudantes sofrem com dores nas costas e nos ombros”, destaca.
De acordo com o médico, o uso incorreto e o peso em excesso podem acarretar em dores nas costas, provenientes de músculos, nervos, ossos ou articulações, postura incorreta e desvios na coluna vertebral. A dor cervical, na nuca ou no pescoço, e a dor lombar baixa, próxima à cintura, também podem aparecer. Ainda é possível a criança ou adolescente apresentar dor de cabeça, dores nos ombros ou dores nos braços. Com o decorrer dos anos, o estudante que não utiliza a mochila de maneira correta pode desenvolver a cifose – que gera o aumento da chamada corcunda – e a lordose.
Por isso, Reichmann indica que em qualquer sinal de reclamação da criança sobre dores nos ombros, braços ou coluna, os pais procurem um médico para checar se não há problemas com a mochila. “Em alguns casos o uso irregular pode gerar pequenas lesões musculares no começo, mas que podem se tornar doenças crônicas como cifose ou hiperlordose lombar. E a sobrecarga das articulações pode gerar problemas muito mais abrangentes do que as alterações posturais”, alerta.