No Brasil, o período de 13 e 19 de março marca a Semana Brasileira do Sono que visa reforçar a conscientização sobre o assunto. (Foto: divulgação)
“Durma profundamente, nutra a vida” é o tema do Dia Mundial do Sono celebrado nesta sexta-feira (17). A data foi instituída pela Associação Mundial de Medicina do Sono (World Association of Sleep Medicine) e é comemorada anualmente em aproximadamente 75 países com o objetivo de chamar a atenção para a importância do sono regular diário. No Brasil, o período de 13 e 19 de março marca a Semana Brasileira do Sono que visa reforçar a conscientização sobre o assunto.
O médico neurologista e coordenador do Centro de Diagnóstico de Distúrbio do Sono (CDDS) do Hospital Unimed Chapecó, Dr. Auney de Oliveira Couto, destaca que entre as doenças de maior impacto está a insônia. Caracterizada pela dificuldade em pegar no sono, acordar várias vezes durante a noite ou ainda acordar muito cedo pela manhã, este problema provoca diversas consequências no dia a dia, pode ser de curto-prazo (agudo) ou de longo prazo (crônico), além de problemas na saúde de modo geral.
As consequências na saúde estão divididas em psicológicas e físicas. Na primeira, ele aponta o baixo raciocínio, reação lenta, depressão, transtornos psiquiátricos e problemas de memória. Para a saúde física, os efeitos incluem o mau funcionamento do sistema imunológico, aumento da obesidade, hipertensão arterial, risco de doenças do coração e de diabetes.
Um estudo epidemiológico do Estado de São Paulo (2013) aponta que 46% da população se queixam de insônia e 32% têm o problema diagnosticado. As causas são o envelhecimento, a preocupação para dormir, a depressão, horários irregulares de dormir e acordar, sexo (principalmente em mulheres pós-menopausa), entre outras. Para o diagnóstico é necessário uma avaliação médica que determinará tratamento medicamentoso, técnicas complementares (meditação, yoga, exercícios físicos, acupuntura, massagem) e higiene do sono, ou seja, algumas medidas necessárias para dormir adequadamente como, por exemplo, ter um horário regular, preparar o ambiente, não deitar após alimentar-se, entre outros. “A insônia seria a forma mais comum, mas temos outras doenças que nos preocupam bastante do ponto de vista de incidência e uma delas é a apneia do sono”, alerta Dr Auney.
Caracterizada como doença em que a pessoa para de respirar durante o sono, devido a obstruções (fechamentos) na garganta, apneia atinge uma em cada três pessoas. É considerada grave quando essas paradas respiratórias ocorrem mais de 15 vezes por hora de sono ou, quando ocorrem entre 5 e 15 vezes, associado a queixas. As principais queixas estão relacionadas ao ronco, engasgos noturnos e despertares frequentes, sonolência excessiva diurna e fadiga crônica.
O problema também causa impactos na saúde como, por exemplo, problemas de memória, doenças do coração, diabetes, derrames, cansaço, sonolência, além de acidentes de trabalho e de trânsito. Para o diagnóstico, é feita avaliação médica e exame de polissonografia – procedimento realizado enquanto a pessoa dorme no laboratório do sono, visando marcar os eventos respiratórios e estagiar o sono para verificar como o paciente dormiu naquela noite. O tratamento é orientado e acompanhado por especialista do sono.
Outro problema comum atualmente é a privação do sono – quando a pessoa não dorme o suficiente. Este ato influencia na memória e atenção, no sistema imunológico, na aparência, no humor, entre outros aspectos.
A narcolepsia é outra doença que provoca ataques sonolência. Nestes casos, pessoas que têm sonolência excessiva diurna dormem conversando, dirigindo ou desenvolvendo qualquer tipo de atividade. “O importante quando se fala em ataques de sono é diferenciar o que leva o indivíduo a ter a sonolência excessiva, pois isso aumenta significativamente as chances de um acidente de trânsito ou de trabalho”, enfatiza Dr. Couto.
PARA DORMIR BEM
O médico alerta que o sono é fisiológico e, portanto, uma necessidade para todos. Entre as orientações para uma boa qualidade do sono, Dr. Couto destaca o estabelecimento de horários para deitar e acordar, manter o quarto confortável, controlando a temperatura, luminosidade e barulho, evitar o uso de tecnologias como celulares e computadores próximo aos horários de dormir, evitar consumir café ou outras bebidas estimulantes a noite e evitar pensar em problemas ao deitar-se para pegar no sono.
LUANA MELLO – MARCOS A. BEDIN